Por Matthew Campbell.
Ciclismo e moda não são associados com frequência, e o motivo é simples: todos os dias um monte de gente prova o quanto é fácil ter uma aparência ridícula montando bicicleta.
Para uma minoria endinheirada, a marca londrina de ciclismo Rapha mudou isso há anos, com roupas e acessórios cheios de estilo em tons de terra sutis — e preços nem um pouco sutis. Mas atualmente esse visual menosprezado está repercutindo no esporte, e estão surgindo tantas imitações que nunca foi tão fácil ter um bom aspecto. Tem até uma série de hashtags do Instagram, de #Stravaphoto a #sockdoping, para mais orientações.
Para se manter à frente da concorrência, o CEO da Rapha, Simon Mottram, afirma que quer acabar com o status quase marginal que o ciclismo tem atualmente para que o esporte se torne muito mais massivo — e vender muito mais jaquetas de US$ 385 e “sacolas de corrida” de couro de US$ 800 no processo. Ex-executivo de imagem de marca, ele fundou a Rapha em 2004 e fez sucesso conquistando o coração de ciclistas que atravessavam a agitada “rota de especiarias dos hipsters” de Londres, a Clerkenwell Road, que vincula o centro da cidade ao estiloso East End. Depois, vieram homens de meia-idade e um número pequeno, porém crescente, de mulheres que passam o fim de semana em roupas de Lycra.
“Não parecer idiota montando bicicleta soa muito fácil, mas sempre foi algo bastante difícil no mundo do ciclismo”, disse Mottram enquanto tomava um ‘flat white’ (café com leite australiano) no Soho de Londres. “Meu objetivo é ser a marca internacional que vai transformar o ciclismo no melhor esporte do mundo, no esporte mais popular do mundo. Não estou nem perto disso. Mal começamos essa jornada.”
A Rapha prosperou, em parte, criando certa nostalgia artificial que a conecta à tradição do ciclismo — uma imagem semelhante à de marcas históricas como Helly Hansen e Barbour, mas sem a história de verdade. O nome da companhia é uma homenagem a Saint-Raphaël, uma equipe francesa de corrida há muito esquecida com que ela não tem nenhuma associação real. Seus vídeos digitais e fotografias de alta qualidade que enchem as redes sociais celebram o sofrimento e os homens duros de antigamente.
Hoje o mercado está lotado de concorrentes que oferecem alternativas. O ex-designer gráfico Brent Gale é um deles; sua Twin Six, com sede em Minnesota, tem um viés parecido com o da Rapha, embora com um visual mais high-tech que histórico. Ele diz que atualmente vem tendo seus melhores anos, mas não quis ser mais específico.
“As pessoas não querem parecer uma propaganda, e elas já não querem parecer um ciclista europeu de corrida”, disse Gale, talvez uma alfinetada sutil à Rapha. “E, felizmente, elas não precisam.”
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