Por Rachel Gamarski e Raymond Colitt
Sem largar o formalismo e o terno que o acompanhavam enquanto ministro da Fazenda, Henrique Meirelles virou a chave e agora fala, além de economia, em segurança-pública e programas sociais mirando nas eleições de outubro. Mas ele reconhece: as incertezas eleitorais começam a impactar o crescimento do país. “Não há dúvida de que há um certo sinal de alerta, preocupação com a eleição”, disse em entrevista à Bloomberg.
Nesse cenário, Meirelles se lança como um candidato que manterá o crescimento econômico e focará nas reformas. “Temos que manter o Brasil e economia caminhando na direção correta. Não há grandes artefatos, o processo já está em andamento”, disse o ex-ministro, de 72 anos, em sua casa Lago Sul.
Como indicativo de continuidade, Meirelles diz que pretende manter Eduardo Guardia na cadeira de ministro da Fazenda caso seja eleito ao Palácio do Planalto. “Em qualquer cargo que eu entro, começo a preparar sucessores.”
Após quase dois anos comandando a Fazenda, o ex-ministro garante que a reforma da Previdência continuará como prioridade em seu discurso. “Não há nada mágico, vamos retomar a reforma da Previdência, acelerar programas de infraestrutura e lançar reforma tributária.” Segurança pública, saúde e programas sociais também passaram a integrar o discurso do presidenciável. “É muito importante ainda no Brasil o Bolsa Família progredir além de saúde, segurança.”
De jatinho ou em voos comerciais, Meirelles pretende usar os próximos meses para viajar e viabilizar seu nome dentro do MDB, mas também buscar visibilidade fora do partido. Após o resultado do último DataFolha, onde aparece com no máximo 2% das intenções de voto, ele diz que o resultado é previsível e minimiza: “Estou sem preocupação com pesquisas quantitativas no momento.”
Segundo o ex-ministro, em pesquisa interna da legenda, que contou com o voto de governadores, deputados, senadores e prefeitos da legenda, seu nome liderou a pesquisa para concorrer ao cargo mais alto da administração pública. “Mas se o presidente Michel Temer quiser ser, evidentemente que ele teria preferência; deveremos decidir até a convenção do partido”, prevista para agosto.
Focado, o ex-ministro diz manter uma rotina regrada de exercícios físicos intercalando caminhadas com a bicicleta ergométrica, que fica na sala de TV. Meirelles precisará de fôlego para a maratona de viagens que pretende fazer. Ele diz que sua agenda está mais agitada do que quando estava à frente da Fazenda. Na segunda-feira, se encontrou com evangélicos no interior de Goiás, seu estado natal. Nesta terça, falará com banqueiros em São Paulo.
Para se afastar do esteriótipo de político do qual a população se distancia, Meirelles diz que não tem problema em andar na rua e diz que não é hostilizado como vem acontecendo com outros políticos. Pelo contrário, ele conta que mandaram imprimir um boné com os dizeres: “se e o Brasil tem problema, chama o Meirelles”.