Por Josué Leonel com a colaboração de Patricia Lara.
Os investidores devem desejar feliz 2017 no réveillon, mas o mercado espera um próspero ano novo só para 2018. E isso ainda está na dependência de as reformas, sobretudo a da Previdência, passarem pelo Congresso no ano que vem. O Banco Central deve acelerar o corte de juros em 2017, mas, com os brasileiros ainda endividados, o crédito mais barato só deve impulsionar o consumo e o PIB no ano seguinte. Por ora, o melhor que se espera para o próximo ano é que a economia pare de piorar.
A capacidade de o Brasil voltar a crescer e manter a inflação sob controle nos próximos anos vai depender da aprovação das reformas fiscais, diz o economista Nathan Blanche, sócio-diretor da Tendências Consultoria. “Nós esgotamos o modelo de tentar crescer com aumento de gastos e artificialismos na economia.”
Para Blanche, surgem sinais de que o país se convenceu que não há saída a não ser aprovar as reformas. “A união, os estados e municípios estão quebrados. Agora todos percebem que acabou a festa.”
A economia deve crescer apenas 0,2% em 2017 e a expansão do PIB deve se acelerar para 2,5% em 2018, quando será forte o efeito das reformas e da queda de juros do ano anterior, diz Mauricio Oreng, estrategista do Banco Rabobank no Brasil. Essa retomada também vai depender de o governo cumprir as promessas de acelerar outras ações com foco no crescimento, como as concessões, desregulamentação e redução da burocracia.
Ainda que um crescimento mais forte fique para 2018, o próximo ano deve estar longe de ser perdido, diz Oreng. Desde que as reformas avancem, o sentimento econômico tende a melhorar já no primeiro semestre do ano que vem, com a atividade registrando quedas menores. No segundo semestre, a economia já pode mostrar algum crescimento. A “sensação térmica” vai ser melhor já em 2017, diz o estrategista.
O ano de 2017 deve ser de transição, com um provável fim do ciclo recessivo, diz Zeina Latif, da XP Investimentos. Se as coisas caminharem bem, pode haver inflexão da atividade econômica no 2º semestre, afirma a economista. “Começaremos a ver os brotos verdes, ainda que não uma materialização da tendência cíclica. Será um quadro diferente de 2016. Agora, a economia saiu da UTI e está respirando sem aparelhos.”
Para Blanche, o maior risco que o Brasil corre, em termos de política econômica no próximo ano, é que a demora da retomada, que se justifica pelo alto endividamento das empresas e famílias, leve o governo a dar ouvidos a defensores de “saídas fáceis”, como acelerar a queda dos juros além do permitido pela inflação, reduzir o foco nas reformas e pisar no acelerador dos gastos e crédito. “O meu maior receio é que voltem os alquimistas de sempre, com ideias que já deram errado no passado.”
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