Minério de ferro gera dilema de US$ 8 bi às grandes produtoras

Por David Stringer.

As maiores produtoras de minério de ferro do mundo alertam que os preços deverão cair — justamente no momento em que precisam começar a investir até US$ 8 bilhões no desenvolvimento de novas minas para manter suas melhores máquinas de dinheiro funcionando.

Nos próximos cinco a 10 anos, as mineradoras precisarão de produção nova para substituir quase 170 milhões de toneladas de capacidade que serão perdidas à medida que as minas exauridas forem fechadas e que a qualidade cair nas operações antigas, segundo a Global Mining Research. Mesmo com projeções de que a demanda por oferta entregue por via marítima atingirá o pico em 2018 e que os preços poderão cair para menos de US$ 40 a tonelada no ano citado, os novos projetos de minério de ferro ofereceriam retornos melhores que o de alguns investimentos alternativos.

“Economicamente, ainda faz muito sentido investir esse nível de capital devido aos retornos que essas minas provavelmente gerarão”, disse Michelle Lopez, gerente de investimento em Sydney da Aberdeen Asset Management, que possui ações da BHP Billiton e da Rio Tinto e gerencia globalmente US$ 403 bilhões. Contudo, as decisões serão difíceis e “pela primeira vez elas enfrentam restrições reais de capital, algo pelo qual não passaram nos últimos anos”, disse ela.

Com o colapso dos preços das commodities nos últimos cinco anos, o investimento de capital global total das mineradoras deverá cair cerca de 60 por cento, para um total projetado de US$ 57 bilhões no ano que vem, contra US$ 145 bilhões no pico, em 2012, segundo estimativas do Goldman Sachs. A Fortescue Metals, a quarta maior exportadora de minério de ferro, planeja tomar dentro de seis meses uma decisão sobre um possível investimento de US$ 1,5 bilhão para renovar sua produção, disse o CEO Nev Power na semana passada.

A Rio Tinto, que em agosto aprovou sua mina Silvergrass, de US$ 338 milhões, precisa desenvolver uma mina de 50 milhões de toneladas a cada cinco anos para manter a produção estável, afirmou o JPMorgan em nota, em agosto. As mineradoras da região rica em minério de ferro de Pilbara, na Austrália Ocidental, precisam de preços entre US$ 36 e US$ 51 a tonelada para justificar expansões com o objetivo de substituição, que poderiam totalizar US$ 8,2 bilhões, estima o banco.

Preços na faixa de US$ 50 a US$ 60 a tonelada serão incentivo suficiente para os investimentos em expansão, segundo a consultoria global EY. Se os preços despencarem, projetos de minas “podem ser engavetados porque as grandes produtoras encontrarão um uso melhor de seu limitado capital no restante do portfólio de minerais”, disse Paul Mitchell, líder global de assessoria para mineração e metais da EY. “É óbvio que a substituição de minas jamais poderá ser considerada ‘garantida’ em um mundo incerto”. O minério de ferro usado como referência registra média de US$ 54,70 em 2016, segundo dados da Metal Bulletin.

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