Por Will Davies.
As moedas dos mercados emergentes deverão responder confortavelmente ao aperto monetário do Federal Reserve, segundo o Société Générale.
A abordagem lenta e constante do Fed — as expectativas de aumento além da projeção amplamente esperada de 25 pontos-base para essa quarta-feira são vistas como “extraordinariamente reduzidas” — garante um baixo impacto nas moedas dos mercados emergentes e os carry trades continuarão sendo uma estratégia viável ao longo do próximo trimestre, disse Jason Daw, chefe de estratégia de câmbio para mercados emergentes do SocGen em Cingapura.
“As moedas dos mercados emergentes estão seguindo o roteiro do período 2004-2007”, escreveu Daw, em nota com data de 14 de junho. “Esse ciclo anterior nos ensinou que as moedas podem se sair bem em um momento em que os bancos centrais estão lenta e metodicamente reduzindo políticas acomodativas contra um cenário reflacionário respaldado por dinâmicas de crescimento favoráveis”.
A vasta maioria das moedas dos mercados emergentes registrou avanços sólidos em relação ao dólar neste ano, lideradas pelo peso mexicano, que acumula alta de 15 por cento em meio ao otimismo com o crescimento. Entre os demais ganhadores estão o zloty polonês, a coroa checa, o rand sul-africano, o rublo russo e o won sul-coreano. O real, do Brasil, está na extremidade oposta, acumulando queda de 2 por cento no ano até o momento em meio a um escândalo de corrupção no país.
O SocGen prefere em particular moedas de alto rendimento como o peso mexicano, o rand e a lira turca, para as quais o consenso é pessimista e o interesse do investidor continua modesto. “Estas moedas têm o maior potencial de novas reavaliações juntamente com um cenário construtivo nos mercados emergentes”, escreveu Daw. Por outro lado, o banco recomenda evitar o real e o rublo russo nos níveis atuais devido ao seu posicionamento e às dinâmicas domésticas.
Mesmo que o Fed entregue uma surpresa hawkish e faça os mercados oscilarem, qualquer queda forte das moedas dos países em desenvolvimento seria uma oportunidade de compra, escreveu Daw. Contudo, “grandes surpresas” que afetam ativos de risco não são a preferência manifesta da presidente do Fed, Janet Yellen, segundo a análise.
“Futuramente, podem começar a aparecer rachaduras e a má alocação de capital de anos de dinheiro superfácil pode ser exposta, seja com uma recessão clássica, seja com uma crise financeira, mas essa dinâmica provavelmente será positiva até o fim do ano”, escreveu Daw.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.