Por Wes Goodman e Eliza Ronalds-Hannon.
O Morgan Stanley, que aconselhou que os investidores apostassem nos títulos antes do Reino Unido ter votado por abandonar a União Europeia e provocado uma disparada nos mercados globais de dívida, está perdendo o entusiasmo com títulos de governo.
O banco revisou sua perspectiva depois que os yields no chamado G-4 — EUA, Japão, Alemanha e Reino Unido — registraram quedas recorde na semana passada. O Morgan Stanley, um dos 23 dealers primários subscritores da dívida dos EUA, reproduz a cautela aconselhada pelo investidor Bill Gross após a alta. Os títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em dez anos caíram nesta segunda-feira, e os títulos com vencimento em 30 anos quase não mudaram, depois que os yields de ambos atingiram mínimas recorde na sexta-feira.
“Após termos sido otimistas, passamos a ser neutros em relação aos papéis porque os yields do G-4 estão em valores mínimos recorde”, escreveram analistas do Morgan Stanley, entre eles Matthew Hornbach, diretor de estratégia global de taxas de juros em Nova York, em um relatório publicado no dia 8 de julho.
Quedas
A nota americana de referência com vencimento em dez anos avançava cinco pontos-base, ou 0,05 pontos percentuais, para 1,41 por cento às 11h18 em Nova York, segundo dados do Bloomberg Bond Trader. A taxa atingiu o patamar mais baixo de 1,318 por cento no dia 6 de julho. O título com rendimento de 1,625 por cento e vencimento em maio de 2026 caiu 15/32, ou US$ 4,69 por US$ 1.000 em valor nominal, para 101 31/32.
Os yields dos papéis com vencimento em trinta anos subiram três pontos-base, para 2,13 por cento, após bater seu próprio recorde negativo com 2,0882 por cento nesta segunda-feira.
Em junho, Hornbach e seu grupo aconselharam aos investidores títulos de longa duração em dívida de países desenvolvidos antes do referendo sobre o Brexit, no dia 23 de junho. Desde então, o Bloomberg Global Developed Sovereign Bond Index deu um salto de 2,2 por cento, mais que o dobro dos retornos do S&P 500 Index. A duração é um indicador da sensibilidade de um título a mudanças no yield, e uma posição mais longa reflete uma visão mais otimista.
‘Arriscados demais’
“Os papéis soberanos não são a minha praia”, disse Gross, que construiu o maior fundo de renda fixa do mundo na Pacific Investment Management e agora trabalha na Janus Capital Group, com sede em Denver, na semana passada em entrevista à Bloomberg TV. “São arriscados demais”.
O Banco Central Europeu provavelmente tomará mais medidas de estímulo na reunião do dia 21 de julho, disse Enna Li, investidora em dívida da Mirae Asset Global Investments em Taipé. Embora isso possa prolongar a alta, também marcaria um piso para os yields da dívida global, inclusive os dos títulos do Tesouro dos EUA, segundo ela. Li disse que está avaliando vender a descoberto, isto é, apostar contra os valores do governo americano neste mês.
“Os yields continuarão caindo, mas os títulos do Tesouro dos EUA estão caros demais para mim”, disse Li, que ajuda a administrar os US$ 83 bilhões que a Mirae investe em todo o mundo. “O BCE poderia reduzir os juros. Depois disso, pode ser um bom sinal para vender a descoberto títulos do Tesouro”.
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