Por Jacqueline Simmons e Jeff Green.
Seja a chefe da IBM, Ginni Rometty, correndo para subir no palco para apresentar um painel sobre inteligência artificial, ou uma provocadora Christine Lagarde, falando extensivamente sobre a necessidade de combater o populismo, havia mulheres muito poderosas por todos os lados no Fórum Econômico Mundial deste ano em Davos. As mulheres atingiram uma proporção recorde de participantes com as prestigiosas credenciais brancas no evento.
No entanto, o que ecoou pelos salões do Congress Centre principal e dos eventos posteriores foi o sério fato de que os tênues avanços feitos pelas mulheres na economia mundial estão em risco para aquelas que estão em camadas mais baixas da hierarquia. Especialmente em relação aos trabalhos do futuro.
Projeta-se que a chamada Quarta Revolução Industrial, a ascensão da automação e da inteligência artificial, será muito mais destrutiva globalmente para os trabalhos atualmente preferidos pelas mulheres do que para os trabalhos da preferência dos homens, de acordo com o Fórum. Três das áreas de maior crescimento — gerenciamento, computação e matemática, e arquitetura e engenharia — têm baixa participação feminina e poucas expectativas de aumentos significativos.
“O que CEOs realmente precisam discutir é como garantir que as mulheres consigam chegar ao nível profissional intermediário”, disse Pat Milligan, diretora global do grupo de clientes multinacional da empresa de consultoria Mercer. “Há muitas mulheres em posições seniores aqui, mas acho que não estamos resolvendo o problema juntas.”
Saadia Zahidi, diretora de educação, gênero e trabalho no Fórum, disse que o fórum abordou a questão da futura disparidade de gênero na tecnologia com painéis e sessões abertas e que lançará uma nova iniciativa nesse assunto ainda neste ano.
De modo geral, projeta-se que a representação feminina no nível profissional e superior em empresas de tecnologia diminuirá de 34 por cento para 31 por cento, de acordo com um relatório da Mercer. A paridade de gênero vai demorar cerca de 170 anos, 52 anos a mais que o estimado em 2015, no ritmo atual, de acordo com o Fórum.
A proporção de mulheres na força de trabalho de computação dos EUA cairá de 24 por cento para 22 por cento na próxima década caso não haja uma intervenção, de acordo com uma pesquisa divulgada em outubro pela empresa de consultoria Accenture e pelo grupo de defesa Girls Who Code. As mulheres equivalem a apenas 18 por cento dos estudantes universitários de Ciências da Computação nos EUA, em contraste com 37 por cento em 1984, afirmaram. O relatório foi distribuído às 12.000 mulheres que participaram do evento Grace Hopper Celebration of Women in Computing em outubro.
“Não estamos capacitando as mulheres para os trabalhos do futuro”, disse Michael Roth, CEO da Interpublic Group, cujo neto de oito anos já está aprendendo a escrever código. “Há uma enorme oportunidade na codificação, e estaremos cometendo um erro se não ajustarmos nosso curriculum.”
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