Por R.T. Watson.
A partida de um segundo navio contratado para transportar minério de ferro para a Vale foi atrasada para reparos após a perda de uma embarcação similar que misteriosamente afundou no trajeto para a China deixando 22 pessoas presumivelmente mortas.
O Stellar Queen partiu do terminal portuário da Vale no Nordeste do Brasil em 7 de maio transportando quase 300.000 toneladas de minério, segundo o website da companhia com sede no Rio de Janeiro. Contudo, depois disso o cargueiro permaneceu ancorado em uma baía próxima por cerca de três semanas depois que o comandante decidiu adiar a viagem até a realização dos reparos, informou a Capitania dos Portos do Maranhão na semana passada, por e-mail. A autoridade portuária finalmente autorizou a partida do navio em 26 de maio.
A Korean Register, agência responsável pela inspeção regular do Stellar Queen, afirmou na semana passada que o navio passou por uma inspeção e foi consertado no Brasil a pedido da proprietária. A Vale preferiu não comentar sobre os atrasos.
Um terceiro navio que transportava minério de ferro da Vale, o Stellar Unicorn, também foi forçado a passar por reparos após a descoberta de uma rachadura na parte exterior de um tanque em abril, informou sua proprietária na ocasião. A embarcação foi inspecionada antes de se dirigir para a China para o desembarque da carga, segundo a Korean Register.
Os três navios são embarcações de granel seco de mais de 20 anos que pertencem e são operadas pela companhia de navegação Polaris Shipping e eram navios-petroleiros antes de passarem por conversões. A Polaris, que tem sede em Seul, não respondeu aos pedidos de comentário.
’Very Large’
O Stellar Daisy desapareceu a cerca de 2.700 quilômetros ao largo da costa do Uruguai quando transportava 260.000 toneladas de minério de ferro da Vale, informou a Polaris em comunicado, em abril. Presume-se que todos os membros da tripulação morreram, com duas exceções. A Polaris não informou oficialmente o que provocou o acidente.
Os navios Stellar são os chamados VLOCs (Very Large Ore Carriers), que eram navios-petroleiros antes de serem convertidos. A Polaris, que se define como a maior empresa de VLOC, informou em abril que havia iniciado uma inspeção interna de todos os 18 navios VLOC de sua frota e que submeteria todos a inspeções independentes.
“A Polaris Shipping está totalmente comprometida com a segurança de sua frota convertida de VLOC e de suas tripulações após a perda do Stellar Daisy”, afirmou a companhia em seu website.
A assessoria de imprensa da Vale, que também utiliza os navios gigantes chamados de Valemax, afirmou que as investigações a respeito do naufrágio do Stellar Daisy estão sendo realizadas pelas autoridades competentes.
A desaparição do Stellar Daisy e as reportagens na imprensa sobre inspeções em outros VLOCs geraram preocupação em relação a navios similares.
“Na minha opinião, nenhum VLOC convertido, independentemente do proprietário, deveria ser usado enquanto não forem concluídas as inspeções em todos os navios em circulação”, disse Jeffrey Landsberg, pesquisador de transporte de carga seca e consultor da Commodore Research, na semana passada, por e-mail.
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