Por Rebecca Greenfield.
A Johnson & Johnson acredita ter encontrado uma solução para a exaustão dos executivos. Basta um psicólogo, um nutricionista, um assessor executivo e US$ 100.000 em serviços especiais.
A J&J lança hoje um programa intensivo para garantir que seus executivos seniores estejam em boa forma física, mental e emocional. O programa, que a companhia de cuidados pessoais e com a saúde chama de Premier Executive Leadership, vai cercar sua diretoria de especialistas, como a equipe médica em torno de um astronauta após a aterrissagem de uma nave espacial. Uma bateria de serviços incluirá exames de ultrassom abdominal na Mayo Clinic e visitas domiciliares realizadas por um nutricionista a fim de inspecionar a despensa.
“Os líderes não são um conjunto de habilidades e ferramentas. Eles são seres humanos”, disse Lowinn Kibbey, diretor do Instituto de Desempenho Humano da Johnson & Johnson, que desenvolveu o programa. “Muitos desses diretores chegam a esses cargos sem ter uma preparação sobre como se manterem saudáveis e resilientes.”
Por isso a J&J passou o último ano testando sua iniciativa para evitar a exaustão em sete de seus próprios executivos (citando privacidade, a companhia preferiu não informar se seu CEO esteve envolvido) e começará hoje a fazer propaganda do programa a outras empresas Fortune 100, a US$ 100.000 por cabeça.
“Você não pode separar sua vida pessoal de sua vida profissional”, disse Peter Fasolo, diretor de recursos humanos. “As pessoas não analisam a si mesmas quando entram.”
As companhias detestam perder executivos que trabalham sem parar, viajam regularmente, produzem resultados excelentes — e se estressam tanto com o trabalho que, inevitavelmente, ficam esgotados e vão embora. Quase metade dos executivos dura menos de 18 meses após uma mudança no trabalho ou uma promoção, de acordo com uma pesquisa realizada pela CEB. Eles reclamam de fadiga física por teleconferências tarde da noite e de manhã cedo. Eles não têm tempo para se exercitar. Eles se alimentam mal em viagens. E, por serem executivos, eles têm poucas pessoas com quem conversar sobre seus problemas.
Na verdade, um CEO exausto ganha em média 373 vezes mais que seus funcionários (também exaustos), além de ter benefícios muito maiores para a aposentadoria. Mas as companhias investem pequenas fortunas e, frequentemente, vários anos para treinar essas pessoas para liderar. Substituir um CEO após uma saída abrupta custa às empresas americanas em média US$ 1,8 bilhão em valor para o acionista, de acordo com a PriceWaterhouseCoopers.
Os executivos estão particularmente inclinados à exaustão porque trabalham em um ritmo constante de estresse intenso.
“Nossa pesquisa mostra que os líderes em organizações funcionam em um ambiente ‘VUCA’”, disse Seymour Adler, sócio da empresa de consultoria sobre recursos humanos Aon Hewitt. Esse acrônimo em inglês, cujas origens remontam à guerra, significa volátil, incerto, complexo e ambíguo. “Isso tem um preço”, disse Adler.
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