Por Noris Soto e Christine Jenkins.
Parlamentares da oposição da Venezuela estão fazendo um apelo aos bancos de Wall Street para convencê-los a não participar da monetização das reservas de ouro do país, avaliadas em US$ 7,7 bilhões.
A Venezuela tenta evitar um default com a troca de reservas de ouro por dinheiro e qualquer banco de investimento que fizer parte da operação estará efetivamente “ajudando um governo reconhecido pela comunidade internacional como ditatorial”, segundo uma carta enviada na segunda-feira por congressistas da oposição a grandes bancos. Os parlamentares também aprovaram uma medida na terça-feira que prevê o cancelamento de qualquer emissão de bônus do governo, bem como qualquer troca de dívida e oferta de ouro como garantia que não forem explicitamente aprovadas pelo Congresso.
“O governo nacional, por meio do banco central, vai tentar trocar ouro das reservas por dólares para permanecer no poder inconstitucionalmente”, segundo a carta assinada pelo presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges. “Tenho a obrigação de alertá-los de que, ao apoiar tal troca de ouro, vocês estarão agindo a favor de um governo que é reconhecido como ditatorial pela comunidade internacional.”
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, está em pé de guerra com os legisladores pelo controle das finanças do país desde que a oposição conquistou a maioria da Assembleia Nacional nas eleições de dezembro de 2015, em meio a um clima de revolta devido à inflação de três dígitos e à escassez crônica de produtos básicos. Investidores tentam agora avaliar a probabilidade de o país continuar a pagar o serviço da dívida diante da falta de dólares, agravada pelo colapso dos preços do petróleo.
O parlamentar Angel Alvarado, membro do Comitê de Finanças da Assembleia Nacional, disse que a carta foi enviada a bancos como Citigroup, Goldman Sachs e Bank of America.
O banco central da Venezuela informou que as reservas de ouro somavam US$ 7,7 bilhões em fevereiro. As reservas internacionais do país totalizavam US$ 10,26 bilhões na segunda-feira, o nível mais baixo em 15 anos.
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