Por Elizabeth Krutoholow, Curt Wanek, Brian Rye, Jason McGorman e Ian Person
Perspectiva para grandes farmacêuticas em 2017
Temas amplos de investimento, como o distanciamento de ações de perfil defensivo na direção de setores mais cíclicos, podem se sobrepor ao ritmo acelerado de inovação entre as empresas farmacêuticas em 2017.
A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA significa menor probabilidade de controle de preços pelo governo. Contudo, a pressão sobre os preços dos medicamentos continua. O dinheiro ainda está barato e mais ainda se as companhias americanas puderem repatriar recursos guardados no exterior a uma alíquota tributária baixa. Assim, pequenas farmacêuticas podem virar alvo de aquisição de grandes empresas que buscam novos remédios.
Dinheiro repatriado para os EUA pode impulsionar fusões e aquisições no setor farmacêutico
As grandes companhias farmacêuticas provavelmente continuarão preferindo pequenos acordos em 2017, segundo relatos de seus principais executivos. Os lances por Anacor (Pfizer), Stemcentrx (AbbVie), Medivation (Sanofi) e Actelion (Johnson & Johnson) mostram que os múltiplos atuais das empresas de biotecnologia (que estão significativamente mais baixos) estão abrindo caminho para negociações.
O acesso a dinheiro barato é um vetor importante, assim como o dinheiro repatriado para os EUA por grandes empresas farmacêuticas americanas. A decisão do Reino Unido de sair da União Europeia pode prolongar a fase de política monetária flexível.
Obamacare e votações estaduais serão vitais para o setor
O Partido Republicano tomou conta das principais posições de poder nos EUA e, assim, as farmacêuticas podem escapar da mão pesada do governo controlando os preços dos medicamentos. A carga tributária delas também pode diminuir com a rejeição de partes do programa de saúde pública conhecido como Obamacare.
Há risco de noticiário negativo em 2017 resultante de votações estaduais, principalmente em Ohio, parecidas com a proposta colocada aos eleitores da Califórnia e rejeitada. A chamada Proposta 61 visava impedir que agências estaduais da Califórnia pagassem mais por remédios do que o departamento federal que cuida dos veteranos de guerra.
Perspectiva para empresas farmacêuticas especializadas em 2017
Após ampliarem suas linhas de produtos por meio de fusões e aquisições e sua receita por meio de reajustes de preços, companhias que fabricam remédios especializados ou genéricos agora enfrentam questionamentos sobre a sustentabilidade do modelo tradicional e se voltam para maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Pressões de preços que contribuíram para a queda de 36% no setor em 2016 podem esfriar um pouco em 2017 sob o governo Trump. É provável que as críticas e investigações dos preços continuem, mas o Congresso ficará mais contido e não impedirá reajustes moderados de preços, da ordem de 10% ao ano.
Companhias que seguem reinvestindo em suas linhas de produtos e apresentando crescimento orgânico, além de expansão por meio de fusões e a aquisições, devem continuar bem-sucedidas.
Aumento dos preços de medicamentos especiais e pressão sobre os genéricos
Os preços dos medicamentos especiais provavelmente continuarão subindo 9-10% ao ano, apesar da pressão exercida pelas operadoras de planos de saúde e das investigações parlamentares sobre as táticas das fabricantes. Isso tudo deve impedir reajustes agressivos, como os que são aplicados historicamente pela Valeant.
Métodos para o governo regulamentar custos continuam proibidos, mas uma maneira viável de conter os preços elevados é a devolução de parte dos valores pagos. Os preços de remédios genéricos estão em deflação após a consolidação das distribuidoras e o aumento do número de autorizações de novas drogas pela agência americana responsável por alimentos e medicamentos (FDA).
Fabricantes de medicamentos especiais atraem compradores e se consolidam
Os compradores de fabricantes de medicamentos especiais têm sido atraídos pelas linhas de produtos robustas que enfrentam pouca concorrência e pelos caminhos mais rápidos para aprovação de drogas pelas autoridades reguladoras. Medicamentos que tratam doenças crônicas proporcionam crescimento de longo prazo valioso, mas, após a onda de fusões, restam menos alvos disponíveis.
Ainda assim, o modelo potencialmente lucrativo das fabricantes de medicamentos especiais deve levar a mais consolidação no setor. A Allergan, que voltou a ser alvo após o acordo com a Pfizer ser descartado, fará aquisições na modalidade private equity.
Perspectiva para planos de saúde na América do Norte em 2017
As operadoras de planos de saúde podem ter receitas maiores e maior crescimento dos lucros por ação se o Partido Republicano fortalecer o programa público Medicare Advantage e rejeitar alguns dos impostos definidos dentro do Obamacare, mas provedores associados a outro programa público, o Medicaid, correm risco de ganhar menos. A expectativa é de menor adesão aos planos de saúde de seguradoras como a Anthem em 2017.
Decisões judiciais sobre fusões e aquisições da Aetna e da Anthem podem sair no começo do primeiro trimestre, o que causaria um efeito dominó, com seus pares empregando capital para responder a essas decisões.
Risco de rejeição do Obamacare; feriado fiscal impulsionaria operadoras de planos de saúde
Donald Trump e seus correligionários republicanos podem rejeitar partes do Obamacare, o que limitaria as perdas das seguradoras de saúde no curto prazo, mas reduziria seus ganhos no longo prazo. O adiamento do imposto sobre essas seguradoras pode impulsionar seus lucros por ação em 2017, principalmente no caso da Humana, e seria positiva uma rejeição plena dessa proposta.
Na média, os prêmios negociados publicamente devem subir 25%, o que deve conter as perdas. A Anthem talvez esteja mais exposta aos planos do Obamacare em 2017 e pode absorver associados mais caros à medida que seus pares fazem cortes.
Aetna e United podem liderar mercado do Medicare Advantage
Entre as seguradoras de saúde de capital aberto, UnitedHealth e Aetna podem liderar o crescimento do Medicare Advantage, pois oferecem os planos com melhor classificação. A expansão da adesão de associados pode diminuir para Humana e Cigna, que sofreram rebaixamento da classificação de seus planos.
A Cigna não tem permissão para oferecer planos, após as sanções do governo por ter negado determinados procedimentos e medicamentos a pacientes. A adesão ao Medicare Advantage pode chegar perto de 10 por cento até 2019 devido ao envelhecimento da população.
Fusões e aquisições de seguradoras podem aumentar poder de imposição de preços; decisões judiciais saem no primeiro trimestre
Aetna e Anthem podem ganhar escala satisfatória e significativo poder de imposição de preços se ficar mais clara a trajetória na direção de um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. Isso porque o Medicare Advantage é um produto local e não nacional, mas o plano para se livrar de determinados ativos do programa talvez ainda não seja satisfatório.
A compra da Cigna pela Anthem é mais desafiadora, dado que o Departamento de Justiça argumenta que o acordo prejudicaria a concorrência no mercado nacional de contas.