Por Lyubov Pronina.
Emissores de dívidas de mercados emergentes estão fazendo ofertas a um ritmo sem precedente antes que o Federal Reserve (Fed) aumente as taxas de juros.
Na quarta-feira, o Kuwait escolheu bancos para uma transação que, segundo fontes, visaria obter até US$ 9,5 bilhões. Omã também lançou uma venda e estão previstas mais transações de países como Eslováquia e Nigéria. A emissão de mercados emergentes em dólares e euros neste ano já ultrapassou US$ 100 bilhões, mostram dados da Bloomberg. É o ritmo mais rápido da história e quase 20 por cento superior ao recorde anterior de 2014 para o período.
Levantar capital ficou mais barato para tomadores de empréstimos de mercados em desenvolvimento logo após a eleição presidencial dos EUA, com os rendimentos dos títulos emergentes diminuindo cerca de 50 pontos-base. Contudo, é pouco provável que isso dure muito tempo porque as autoridades do Fed querem aumentar os juros e duas delas sinalizaram nesta semana que os argumentos favoráveis para aumentar em março estão mais fortes.
“Os rendimentos são atraentes e a perspectiva para as taxas e os riscos de queda estão levando os emissores a considerarem o financiamento no começo do ano”, disse Samad Sirohey, diretor de mercados de capitais de dívida para a Europa Central e Oriental, o Oriente Médio e a África do Citigroup, o banco que administrou a maior quantidade de vendas de papéis na região neste ano.
Demanda de investidores
Os mutuários também estão sendo ajudados por uma demanda robusta de investidores que procuram uma folga no rendimento médio de 4,7 por cento oferecido pelos títulos de mercados emergentes, em comparação com cerca de 2,4 por cento para as notas do governo dos EUA com vencimento em 10 anos. A transação de US$ 4 bilhões do Egito no começo de fevereiro teve uma subscrição de mais do triplo de seu valor e a Nigéria recebeu US$ 7,8 bilhões em pedidos para sua oferta de US$ 1 bilhão, levando o país a ajustar os rendimentos em mais de 60 pontos-base.
Os fluxos de entrada semanais para fundos de renda fixa de mercados emergentes apresentaram um ritmo de mais de US$ 1 bilhão em fevereiro, segundo a EPFR Global.
O fluxo de emissões poderia ser perturbado por resultados inesperados em algumas das eleições da Europa neste ano, como a da França, ou se o Fed subir os juros antes do esperado, segundo Sergey Dergachev, que ajuda a administrar cerca de US$ 13 bilhões em ativos como gestor sênior de recursos da Union Investment Privatfonds GmbH em Frankfurt.
Como os rendimentos ainda favorecem os tomadores de empréstimos, talvez eles acelerem os planos de refinanciar a dívida em vencimento o mais rapidamente possível, segundo Sirohey, do Citi.
“Os emissores estão interessados em garantir os rendimentos atuais com financiamento antecipado”, disse ele. Aqueles que “ficaram fora do mercado pelos preços há um ano podem se financiar a um custo atraente.”
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