Por Fabiana Batista.
O fim das difíceis condições do mercado que causaram estragos na indústria brasileira de açúcar, a maior do mundo, ainda não está à vista.
A Clealco, produtora de açúcar e etanol no estado de São Paulo, tornou-se nesta terça-feira a mais recente empresa açucareira a entrar com pedido de recuperação judicial. A empresa não conseguiu chegar a um acordo com os credores para reestruturar cerca de R$ 1,1 bilhão em dívidas bancárias. A empresa disse em um comunicado que a queda dos preços do açúcar e problemas climáticos eram os culpados.
As processadoras de cana-de-açúcar altamente endividadas do Brasil estão com dificuldades devido à queda nos preços internacionais e à seca prolongada que prejudicou a produtividade das colheitas na principal região produtora. Elas já suportaram anos de superávits globais e um movimento do governo brasileiro para limitar os preços da gasolina, o que reduziu a demanda doméstica por etanol derivado de cana. Desde 2011, 50 usinas de etanol e açúcar fecharam e mais de 70 entraram com pedido de falência no Brasil, segundo a Unica.
Pode haver mais falências nos próximos meses, já que um ambiente político instável no período que antecede as eleições presidenciais dificulta a rolagem das dívidas corporativas, disse Renato Takamura, sócio da consultoria financeira Grano Capital, em entrevista por telefone.
Usina de Açúcar Santa Terezinha, grande produtora brasileira de açúcar e etanol, disse na última segunda-feira que a empresa decidiu vender parte de sua participação de 65% em um terminal de açúcar no porto de Paranaguá para reduzir o endividamento. A empresa entrou recentemente em uma nova rodada de negociações com os credores sobre a dívida estimada em cerca de R$ 4 bilhões.
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