Por Alex Lima.
Em breve o País poderá ser forçado a racionar água e eletricidade.
Até meados de fevereiro, não havia uma posição oficial sobre racionamento, mas algumas estimativas do governo estadual indicam que vai faltar água até cinco dias da semana no Estado de São Paulo.
A falta de água já obrigou escolas a suspender aulas. Restaurantes estão fechando as portas em todo o Estado, onde vive um quinto da população nacional e que gera um terço do PIB. Alguns estabelecimentos usam material descartável para não lavarem louça.
Se o racionamento for implantado, provavelmente afetará indústrias pesadas que fazem uso intensivo da água, como a siderurgia. Serviços ao consumidor também devem ser prejudicados. A falta de água combinada à queda da confiança de empresários e consumidores se traduz em recuo das vendas no varejo desde o segundo semestre de 2014.
O setor industrial pode se proteger parcialmente do racionamento de luz porque a indústria gera 22,7 por cento de sua própria demanda por eletricidade, segundo a Empresa de Pesquisa Energética.
Ainda assim, um racionamento de energia da ordem de 5 a 10 por cento causaria retração do PIB anual de 0,6 a 2 por cento, de acordo com estimativas do Banco Central.
Em 2001, houve redução compulsória de 20 por cento do consumo de energia após o nível de armazenamento dos reservatórios ter caído para 20 por cento da capacidade total. O ritmo de expansão do PIB recuou quase 0,7 por cento durante os sete meses de racionamento, implicando que, para cada mês de racionamento de 20 por cento, o PIB anual diminuiu 0,10 por cento.
A resposta à seca atual pode ser mais intensa, uma vez que o nível dos reservatórios no Sudeste está ainda mais baixo, chegando a 15 por cento em janeiro.
A crise hídrica está afetando a inflação, que já supera a meta do governo. As tarifas de energia subiram 2 por cento em janeiro e o custo da energia térmica deu um salto de aproximadamente 30 por cento nos 12 meses até fevereiro.