Por Jonathan Tirone.
O manual de regras climáticas que está sendo preparado para limitar o aumento das temperaturas da Terra deverá ser concluído até o fim do ano — com ou sem a ajuda do governo dos EUA.
Os países que ratificaram o acordo climático de Paris se reunirão na Polônia, em dezembro, onde deverão dar os toques finais nas medidas de transparência e verificação que garantirão que as indústrias e as economias cumpram as regras de emissões. Ainda não está claro qual será o tamanho do envolvimento do segundo maior emissor de gases causadores do efeito estufa no processo depois que o presidente Donald Trump anunciou a intenção de retirar os EUA do acordo, segundo a chefe da Organização das Nações Unidas para o clima.
“A urgência da questão e as grandes expectativas em torno do processo estão exercendo forte pressão sobre as partes para que realmente encontrem formas de fechar acordos”, disse Patricia Espinosa, em entrevista à Bloomberg News. “Seria muito difícil para qualquer parte enfrentar a responsabilidade de obstruir um acordo.”
Os cientistas preveem frequências maiores de inundações, fome e supertempestades se o mundo não mantiver os aumentos das temperaturas bem abaixo dos 2 graus Celsius neste século. Os riscos representados pela mudança climática descontrolada mobilizaram trilhões de dólares em investimentos de empresas e economias em transição para energias renováveis, transportes elétricos e tecnologias mais eficientes. Em novembro, os EUA passaram a ser a única economia importante fora do acordo e o país também prometeu dobrar a aposta na geração de energia a partir do carvão, a maior fonte de emissões de carbono.
Espinosa, diplomata de carreira do México que chefia a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, se reuniu com oficiais militares e de inteligência no fim de semana na Conferência de Segurança de Munique. Os EUA ainda poderiam ter um papel de liderança ajudando a evitar a crescente ameaça dos conflitos militares e das migrações em massa induzidos pelo clima.
“Espero de verdade que possamos contar com o envolvimento do governo dos EUA, que possamos resolver as preocupações e dúvidas deles a respeito dos compromissos do Acordo de Paris”, disse Espinosa. “Espero que haja tempo para reconsideração. Certamente não queremos vê-los fora do Acordo de Paris.”
Outros países não têm “nenhuma vontade” para reabrir as negociações sobre o Acordo de Paris, disse Espinosa. Eles estão se concentrando na árdua tarefa de redigir as regras detalhadas que vincularão os países ao acordo. A questão da transparência continua sendo um grande ponto de atrito.
“Alguns países afirmam que todos devem cumprir as mesmas regras”, disse Espinosa. Mas as medidas contábeis caras para os países mais pobres os “distanciariam das questões de desenvolvimento mais fundamentais”.
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