Por Elizabeth Dexheimer e Jesse Hamilton.
Nos EUA, parlamentares republicanos estão de olho em um alvo que há muito tempo causa dores de cabeça em Wall Street: as avaliações anuais do banco central (Federal Reserve) sobre a possibilidade de sobrevivência das instituições em caso de colapso financeiro.
Na quinta-feira, o senador Pat Toomey pressionou a presidente do Fed, Janet Yellen, a abolir os testes de estresse, argumentando que limitam a concessão de empréstimos, oneram os bancos com custos desnecessários e prejudicam o crescimento econômico. O presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara de Deputados, Jeb Hensarling, também defende a retirada dos testes de estresse e considera propor legislação que sujeitaria os bancos a exames em anos alternados e não todo ano.
“Algumas instituições estão gastando centenas de milhões de dólares com a conformidade anual”, escreveu Toomey a Yellen. “O Federal Reserve deve acabar” com os exames, acrescentou.
Toomey também afirmou que Yellen deve pensar em paralisar todos os esforços de elaboração de regras. Ele quer que ela suspenda esses trabalhos até que o Departamento do Tesouro conclua a revisão das regulamentações financeiras que foi solicitada na semana passada pelo presidente Donald Trump e até que o novo governo possa preencher todas as vagas abertas no Fed.
Desastres econômicos
Grandes bancos têm pressionado por mudanças nos testes de estresse desde o desfecho da crise financeira. As consequências de reprovação nos testes são severas: restrições ao pagamento de dividendos, limites à recompra de ações e reputação manchada.
Os exames – que incluem um conjunto sempre mutante de desastres econômicos hipotéticos inventados pelo Fed — geralmente representam a prova mais difícil que os bancos de Wall Street precisam passar para determinar quanto capital necessitam. Inicialmente, os testes ajudaram a restaurar a confiança nos bancos após o colapso de 2008. Porém, nos últimos anos, os investidores culparam esses exames por impactar a quantidade de capital que pode ser devolvida aos acionistas.
Toomey, que já foi operador do mercado de derivativos, integra o Comitê de Bancos e o Comitê de Finanças do Senado, que supervisionam bancos e política tributária, respectivamente. Ele também lidera os esforços no Comitê de Bancos para identificar os aspectos da Lei Dodd-Frank, de 2010, que podem ser alterados por meio de uma proposta de lei de reconciliação orçamentária que pode ser aprovada apenas por maioria simples na casa. O presidente do Comitê de Bancos do Senado, o também republicano Mike Crapo, ainda não delineou seus planos para revisão das regras financeiras.
Na Câmara de Deputados, Hensarling enviou um memorando a parlamentares nesta semana com atualizações sobre os planos dele para desmantelar a Lei Dodd-Frank. O republicano incluiu uma sessão sobre os testes de estresse, propondo especificamente que o Fed os realize com menor frequência e que os bancos sejam isentos dos exames se aceitarem aumentar seu capital de forma dramática. Hensarling também quer eliminar um dos componentes mais rigorosos dos testes de estresse, a chamada avaliação qualitativa, que analisa os planos de cada banco para administrar capital e risco.
Perda de fôlego
Na semana passada, o Fed anunciou uma regra dando a bancos regionais e algumas instituições estrangeiras grande alívio em relação a uma das partes mais onerosas do processo.
Por outro lado, em setembro foi revelado que o Fed iria propor mudanças no começo de 2017 que obrigariam gigantes como JPMorgan Chase e Goldman Sachs Group a manter bilhões a mais em capital. O esforço pode perder fôlego quando o governo Trump começar a nomear novos integrantes para a diretoria do Fed.
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