Por Ben Steverman.
Nós estamos vivendo cada vez mais tempo. Quer dizer, alguns de nós.
Chegar aos 100 anos passou a ser uma meta possível para jovens de todo o mundo que tenham uma boa assistência médica. A média de vida das mulheres japonesas já é de 87 anos. No entanto, muitos americanos estão morrendo cada vez mais jovens. Com base no ano mais recente de dados coletados, no fim do ano passado a Society of Actuaries reduziu em seis meses sua estimativa da expectativa de vida para pessoas de 65 anos nos EUA. A saúde dos americanos brancos não hispânicos de meia-idade está se deteriorando mais rapidamente.
O resultado dessas tendências, de acordo com um novo estudo, aumenta a diferença entre os americanos mais ricos e os mais pobres. As pessoas mais ricas dos EUA não apenas estão recebendo vários anos adicionais de vida, como também estão colhendo frutos financeiros por essa longevidade — cortesia do contribuinte dos EUA. Essas tendências serão cruciais quando o novo governo e o Congresso avaliarem quaisquer mudanças na Seguridade Social, no Medicare e em outros programas. Até mesmo ajustes nesses programas, como a idade de aposentadoria e as fórmulas dos benefícios, poderiam afetar ricos e pobres de modos muito diferentes.
Os pesquisadores, um grupo de 13 renomados economistas e especialistas em política de saúde, procuraram descobrir quanto tempo os americanos podem esperar viver com base em sua renda, concentrando-se nos resultados de meados da carreira, dos 41 aos 51, e usando dados da Seguridade Social.
Os resultados são duros. Em 1980, um homem de 50 anos do quinto mais rico da distribuição de renda podia esperar viver cinco anos a mais do que um homem de 50 anos do grupo de renda mais baixa. Em 2010, a diferença entre eles havia passado para 12,7 anos.
Em outras palavras, o quinto mais pobre dos homens americanos de 50 anos agora pode esperar viver pouco mais de 76 anos, seis meses menos do que a geração anterior. Os homens de 50 anos mais ricos poderiam chegar a quase 89 anos, sete anos a mais do que a geração de seus pais.
O estudo se centra nos homens porque os investigadores consideraram que os dados sobre as mulheres eram menos fiáveis. A entrada das mulheres na força de trabalho ao longo dos últimos 40 anos pode distorcer os números, por exemplo, porque as gerações anteriores de mulheres muitas vezes informavam rendas baixas mesmo tendo um status socioeconômico relativamente elevado. No entanto, apesar de não poderem produzir estimativas específicas para as mulheres, os pesquisadores acreditavam que as mulheres experimentaram uma “mudança semelhante, talvez até maior, ao longo do tempo”, na comparação com os homens, baseados em uma análise anterior.
Uma consequência importante dessa diferença de 13 anos na expectativa de vida: a Seguridade Social e outros programas do governo, como Medicare, estão se tornando muito mais vantajosos para os americanos ricos.
Há três décadas, os aposentados mais ricos e os mais pobres podiam esperar mais ou menos a mesma quantidade de benefícios dos programas governamentais. Em geral, os mais ricos recebiam pagamentos maiores da Seguridade Social, tanto por se qualificarem para cheques mais gordos quanto por viverem mais tempo. Os mais pobres recebiam mais dos outros programas, como Medicaid e seguro por invalidez da Seguridade Social. O Medicare oferecia mais ou menos os mesmos benefícios para ricos e pobres.
Essa matemática mudou drasticamente. Como os mais ricos estão vivendo mais tempo, eles podem esperar receber muito mais da Seguridade Social ao longo da vida do que os pobres.
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