Por Carolynn Look.
A questão não é apenas a mão de obra que os robôs podem economizar; é a quantidade de empregos que eles podem gerar.
A automação permite que as empresas reduzam os custos dos produtos e, em última análise, diminuam os preços, o que significa que mais pessoas podem comprar o que é colocado à venda, segundo os pesquisadores Anna Salomons, Ulrich Zierahn e Terry Gregory, da Universidade de Utrecht e do ZEW Center, na Alemanha. O estudo conjunto deles, publicado nesta semana, aponta que, apesar de as máquinas terem substituído alguns empregos humanos na União Europeia entre 1999 e 2010, o impulso à demanda por bens acabou fazendo com que o número de postos de trabalho aumentasse a um ritmo mais veloz em outras partes da economia.
“Digamos que você tem uma empresa que faz as duas coisas — fabrica um produto, mas também tem pessoas na gestão, nas vendas e no marketing”, disse Gregory, por telefone, do ZEW, em Mannheim. “Tarefas repetitivas, como o trabalho da linha de montagem, estão sendo automatizados, mas a empresa também se torna mais produtiva, permitindo a redução dos preços dos produtos. Com isso ela consegue vender mais produtos, o que significa mais trabalho para a outra parte do negócio, especialmente aquele focado em tarefas que não são de rotina”.
A equipe estima que aproximadamente 9,6 milhões de empregos tenham sido perdidos nas regiões da UE estudadas devido a inovações técnicas, mas que cerca de 8,7 milhões foram criados diretamente por causa do aumento da demanda pelos produtos. Como as pessoas conseguiram comprar produtos mais baratos, o aumento resultante é um fenômeno conhecido como “efeito multiplicador”. Isto acaba elevando ainda mais a demanda por mão de obra em toda a economia.
Inteligência artificial
Para quantificar esse efeito, o estudo separou o multiplicador em estimativas de limites superiores e inferiores. A estimativa de limite superior, que diz que o mercado de trabalho somou 11,6 milhões novos empregos no período, considera que toda a renda é gasta na economia local. A estimativa de limite inferior, de 1,9 milhão de empregos, se baseia na presunção de que apenas a renda dos salários realimenta o consumo, enquanto a renda restante é gasta fora da União Europeia. Ambas mostram que o efeito da demanda por produtos sobre o crescimento dos empregos mais que compensou a queda inicial na demanda por mão de obra.
Claramente não é tão simples dizer que a automação se traduz diretamente em geração de emprego. Mas o efeito cascata mostra que o medo existente há tempos de substituição por robôs pode ser exagerado.
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