Por Ken Parks.
O Uruguai provavelmente terá a menor colheita de soja em sete anos. A profunda seca amplia os problemas dos produtores, já pressionados pelos elevados custos operacionais e pela moeda valorizada, segundo uma das maiores proprietárias de terras agrícolas do país.
“Um país que poderia ter produzido 3 milhões de toneladas de soja acabará produzindo algo próximo de 2 milhões de toneladas”, disse José Pedro Sánchez, CEO da Union Agriculture Group, em entrevista, em Montevidéu.
A seca implacável queimou campos em boa parte do cinturão sul-americano dos grãos, nos Pampas. Os economistas reduziram as perspectivas de crescimento para a Argentina em um momento em que os produtores locais registram a menor colheita de soja em nove anos.
A oleaginosa também é importante para o Uruguai — foi o terceiro principal item de exportação do país em 2017, com vendas avaliadas em US$ 1,2 bilhão. O rendimento médio pode cair para apenas 1.800 quilos por hectare, disse Sánchez. Os produtores colheram um recorde de 3,9 milhões de toneladas, com rendimento médio de 3.056 quilos por hectare na temporada passada, graças ao clima excepcionalmente bom, segundo dados compilados pela Deloitte.
Sánchez acredita que muitos agricultores, alguns detentores de linhas de crédito da Granosur, unidade de trading de grãos e produtos agrícolas de sua empresa, perderão dinheiro nesta safra. Com mais de US$ 300 milhões em patrimônio líquido, a UAG, uma empresa de capital fechado, consegue resistir à inadimplência e a atrasos nos pagamentos de clientes e produtores arrendatários, disse.
Reformulação da empresa
O descontentamento com o declínio da lucratividade levou milhares de agricultores a realizarem protestos pacíficos em todo o país neste verão para chamar a atenção para sua situação.
A seca coincide com um momento delicado para a UAG, que tem como acionistas investidores locais e a China Investment Corporation. A companhia está finalizando uma ampla reformulação de seu modelo de negócios após perder milhões de dólares tentando cultivar em suas vastas propriedades.
A UAG arrenda a maior parte dos 88.500 hectares que possui após vender quase 31.000 hectares desde meados de 2015. A Granosur gera cerca de três quartos da receita da UAG e o restante vem de leasing e de um negócio agrícola residual.
Otimista, Sánchez acredita que a UAG registrará lucro operacional neste ano fiscal que termina em 30 de junho. A empresa projeta um aumento de 25 por cento nas vendas, para US$ 150 milhões, com um pequeno prejuízo líquido, disse.
A UAG precisa levantar cerca de US$ 16 milhões para quitar empréstimos bancários que vencem até 30 de junho. A empresa está negociando um possível empréstimo com um banco estrangeiro e avaliando novas vendas de terras e pode pedir aos acionistas mais capital ou vender títulos em Montevidéu, disse Sánchez.
A empresa e suas subsidiárias estão em dia com os pagamentos sobre US$ 90 milhões devidos aos bancos, mas a UAG não conseguirá quitar essa dívida enquanto não começar a gerar fluxo de caixa positivo neste ano, acrescentou.
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