Por Vinícius Andrade
Previsões de crescimento mais fraco são a má notícia mais recente para o mercado de ações brasileiro, e elas podem estragar as boas perspectivas de lucros das empresas listadas no país.
A greve dos caminhoneiros prejudica o crescimento, ao mesmo tempo em que o sentimento sobre mercados emergentes como um todo enfraquece globalmente. No mercado, já existem inclusive especulações sobre um aumento na taxa Selic.
“O caso de investimento para o mercado de ações do Brasil sofreu um choque”, David Beker, chefe de economia para o Brasil e estrategista de ações na América Latina do Bank of America Merrill Lynch, disse em uma entrevista por telefone de São Paulo. “No início do ano, o mercado enxergava o crescimento acelerando, com condições externas permanecendo favoráveis e o banco central ainda juro. Agora, a atividade econômica está patinando, a curva de juros ficou mais inclinada e a aversão ao risco aumentou”.
Com base nessa mudança de cenário, o BofA na semana passada ajustou sua alocação na América Latina, rebaixando as ações brasileiras para underweight de neutras e atualizando as ações do México para overweight de neutro, de acordo com Beker. Ele espera revisões para baixo nas previsões de lucros corporativos brasileiros.
“Muitas empresas conversaram conosco sobre as conseqüências da greve, além de mencionar dados mais fracos de atividade econômica”, disse ele.
Por enquanto, o BofA mantém sua meta para o Ibovespa encerrar o ano em torno de 85 mil pontos, um ganho de 18 por cento desde o fechamento na segunda-feira. No entanto, Beker disse que ele está “menos confortável” com essa projeção.
“Não há apenas um gatilho positivo a curto prazo”, disse ele.
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