Por Leonardo Lara.
Depois de encerrar 2016 como o pior ano em vendas em uma década e de ter iniciado 2017 com uma visão cautelosa, o setor automotivo caminha para fechar o ano com a primeira alta acumulada em vendas desde 2012, impulsionado por exportações e influenciando positivamente a atividade industrial local.
Dados divulgados pela Anfavea em 8 de novembro mostram que as vendas totais de automóveis novos acumuladas entre janeiro e outubro somaram 1,82 milhão de unidades, número que está 11% abaixo do total de 2016, que foi 2,05 milhões.
A previsão da Anfavea para as vendas deste ano, divulgada em setembro, é de2,2 milhões de unidades, representando uma alta de 7,3% ante 2016. Em janeiro, a associação previa um ganho de 4% no total de vendas. Com base no cenário atual da associação, com mais 377.138 unidades vendidas entre novembro e dezembro, a previsão será cumprida.
Em outubro, com 21 dias úteis, a média diária de vendas foi de 9.659 unidades, segundo cálculos da Bloomberg. Novembro e dezembro, meses com número maior de feriados, terão 19 e 20 dias úteis, respectivamente. Mantendo-se a média diária de outubro nos 2 meses seguintes, as vendas devem ficar em torno de 376.701 unidades, elevando o total no ano para ao redor de 2,2 mi, dentro do previsto pela entidade e acima da marca de 2016.
Victor Mizusaki, analista do Bradesco BBI, disse em relatório datado de 9 de novembro que o cenário da Anfavea para a venda de veículos “parece conservador, dado que novembro e dezembro geralmente representam cerca de 20% das vendas totais de veículos no ano e a recente aceleração nas vendas de varejo sugere que esse desempenho deve se intensificar no final de 2017”.
O presidente da Anfavea, Antonio Megale, disse a jornalistas nesta quarta-feira que outubro foi o segundo mês deste ano a superar 200.000 unidades comercializadas e o melhor outubro desde 2014. “Além disso, o ritmo médio diário de vendas se mantém acima das 9.500 unidades, mais um sinal da retomada da confiança diante de indicadores econômicos positivos, como redução do desemprego, inflação em baixa e queda da taxa de juros.”
Em termos de produção, até outubro, saíram das fábricas do país 2,24 milhões de veículos, número que já supera as 2,16 milhões de unidades de todo o ano de 2016. Parte do impulso à produção pode ser explicado pelo crescimento das exportações neste ano, com 627.820 unidades enviadas ao exterior até outubro ante 520.286 em todo o ano passado.
A Anfavea prevê que produção crescerá 25%, alcançando 2,7 milhões de unidades em 2017, enquanto as exportações devem somar 745.000 veículos, representando um aumento de 43% em relação a 2016.
Mizusaki, do Bradesco BBI, disse que a alta de 42% na produção de veículos em outubro se deve a vendas diretas e de varejo, e às fortes exportações, que explicam 33% do aumento na produção. O analista destaca ainda que parte do aumento da produção provocou uma elevação dos estoques nas fábricas e nas concessionárias. “Não vemos esse aumento nos estoques como uma preocupação dado que as montadoras estão se preparando para um 4T17 sazonalmente mais forte e os estoques permanecem relativamente saudáveis, em 35 dias.”
Fortes números do setor no acumulado do ano até outubro sugerem que “há espaço para uma revisão para cima em nossas previsões de 2017”, disseram analistas do Itaú BBA liderados por Renata Faber, em relatório datado de 8 de novembro. Banco espera alta de 22,1% na produção de 2017 e expansão de 4,4% nas vendas.
Desempenho do setor automotivo também tem sido responsável por influenciar positivamente a atividade industrial ao longo de 2017. Dados do IBGE referentes a setembro mostram a atividade de veículos automotores em destaque.
“Em todas as comparações, o setor de veículos automotores aparece como um componente positivo para o resultado da indústria”, disse André Macedo, gerente da pesquisa da produção industrial do IBGE, em comunicado no dia 1 de novembro. “As exportações ajudam a explicar o aumento da produção de veículos em 2017, principalmente para automóveis de passeio, mas também para caminhões”
Em relatório datado de 1 de novembro, economistas do MUFG disseram que a indústria continuará sendo beneficiada pelo cenário de inflação moderada, aumento salarial real e maiores demandas interna e externa. “Além disso, esse progresso na renda, bem como nas condições de emprego, contribui para a redução gradual das taxas de inadimplência e, consequentemente, reduzirá de forma mais intensiva as taxas de empréstimo, levando a uma demanda mais ampla de produtos.”
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