Setor global de energia solar preocupa investidores

Por Joe Ryan e Brian Eckhouse.

Apesar de todos os prognósticos otimistas quanto à expansão da energia solar, este é um ano duro para o setor. E não vai melhorar tão cedo.

A SunEdison, maior empresa de energia limpa do mundo, está falida. A Yingli Green Energy Holding, que já foi a maior fabricante de painéis, alertou que pode estar se aproximando aos poucos de uma situação de calote. E a SolarCity, maior instaladora de painéis dos EUA, chegou a cair 27 por cento nesta terça-feira após reduzir sua projeção de instalações pela terceira vez em sete meses.

Elas não estão sozinhas. Um índice da Bloomberg composto pelas 20 maiores empresas de energia solar caiu mais de 30 por cento neste ano. O aumento das instalações e a crescente demanda global por energia limpa estão sendo superados pelas preocupações dos investidores. Eles creem que as estratégias baseadas em dívidas empregadas por SunEdison, Yingli e SolarCity sejam endêmicas do setor e perigosas para os acionistas.

“Por alguma razão chamam de montanha-russa da energia solar”, disse Nancy Pfund, sócia-gerente da DBL Partners e diretora da SolarCity. Com tantos fatos ocorrendo, positivos e negativos, “é difícil os investidores acompanharem o ritmo”.

Apesar dos altos e baixos, a tendência geral é positiva. As desenvolvedoras instalarão 48,4 gigawatts de energia solar até o fim de 2020, mais do que o dobro dos cinco anos anteriores, segundo a Bloomberg New Energy Finance. Os problemas de algumas grandes empresas não necessariamente arrastam o restante. Ou pelo menos não deveria ser assim.

“Trata-se mais de uma percepção do que de fundamentos reais”, disse Angelo Zino, analista da S&P Global Market Intelligence. “Os fundamentos continuam melhorando”.

Os investidores em energia solar continuam abalados, com dúvidas legítimas sobre alavancagem e financiamento. Os mercados buscam provas de que as empresas conseguem fabricar e instalar painéis de forma rentável.

“Os investidores perderam muito dinheiro na SunEdison — e rapidamente”, disse Carl Weatherley-White, ex-presidente da Lightbeam Electric. “Eles estão nervosos. Precisaremos ver um ou dois trimestres estáveis e de sucesso das empresas públicas”.

Sem trégua

Contrariando essa expectativa, as notícias ruins não dão trégua. A construtora de usinas de energia solar térmica Abengoa está buscando apoio dos investidores para um plano de reestruturação de dívidas de 9,4 bilhões de euros (US$ 10,7 bilhões) para evitar a maior falência corporativa da Espanha. E na semana passada o gerente de hedge fund Jim Chanos disse que a SolarCity, em queda de mais de 50 por cento neste ano, enfrentará mais “problemas financeiros” em 2016, em parte porque a maior fornecedora de painéis solares dos EUA perde dinheiro a cada instalação. A visão dele se confirmou na segunda-feira quando a SolarCity registrou um prejuízo maior do que o esperado pelos analistas no primeiro trimestre.

Para Ethan Zindler, analista da New Energy Finance, contudo, os fundamentos econômicos da economia solar nunca foram melhores, considerando os baixos custos dos equipamentos e a demanda crescente.

“Mas isso não se reflete nos preços das ações”, disse ele.

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