Por Rakteem Katakey.
A Royal Dutch Shell planeja investir até US$ 1 bilhão por ano em sua divisão de novas energias em meio à aceleração da transição para as energias renováveis e para os carros elétricos.
“Em algumas partes do mundo estamos começando a ver carros elétricos movidos a bateria começando a ganhar a aceitação do consumidor”, enquanto os custos das energias eólica e solar estão caindo rapidamente, disse o CEO da Shell, Ben Van Beurden, em discurso, em Istambul, nesta segunda-feira. “Tudo isso é uma boa notícia para o mundo e precisa acelerar”, e ainda oferece oportunidades para produtoras de combustíveis fósseis.
A Shell vê oportunidades nas células de combustíveis de hidrogênio, no gás natural liquefeito e na próxima geração de biocombustíveis para o transporte aéreo, para a navegação e para cargas pesadas — áreas de transporte para as quais as baterias são inadequadas. Devido à natureza intermitente das energias eólica e solar, as usinas de energia movidas a gás natural terão importância a longo prazo, disse Van Beurden.
Van Beurden discursou no Congresso Mundial do Petróleo — uma reunião de ministros e CEOs de alguns dos maiores produtores de petróleo — em um momento em que a aceleração da transição para a energia limpa levanta dúvidas sobre seus modelos de negócio a longo prazo. Enquanto o ministro da Energia russo, Alexander Novak, e o chefe da Saudi Arabian Oil Company, Amin Nasser, disseram que o petróleo e o gás serão dominantes nas próximas décadas, Van Beurden destacou a possibilidade de que alguns dos países de mais rápido crescimento passem diretamente para uma matriz energética mais limpa.
“Ao considerar as áreas do mundo nas quais a demanda energética ainda está por expandir-se, como a Ásia e a África subsaariana, nota-se uma grande oportunidade”, disse Van Beurden. “Estas são áreas que não estão, no geral, presas a um sistema movido pelo carvão. Existe o potencial de que passem mais diretamente a um caminho para o desenvolvimento com menos uso de energia.”
Muitas vezes há um foco exagerado nas políticas de transição energética na Europa e na América do Norte e não nas do mundo em desenvolvimento, que cresce rapidamente, disse Van Beurden. “O que acontece na Inglaterra é importante, mas o que acontece na Etiópia é pelo menos tão importante quanto. Da Dinamarca à República Democrática do Congo, dos EUA a Uganda, à Índia e à China, há muito trabalho a fazer.”
Esses países ainda precisarão de combustíveis fósseis para desenvolver indústrias como as de aço, cimento e produtos químicos, porque necessitam de uma intensidade de calor que não se consegue apenas com eletricidade, disse ele.
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