Por Adam Satariano.
A SoundCloud está demitindo cerca de 40 por cento de sua equipe em uma iniciativa de redução de custos que, segundo o serviço de música digital, proporcionará uma base financeira melhor para competir contra Spotify e Apple, suas rivais de maior porte.
A SoundCloud, que anunciou em janeiro que corria o risco de ficar sem dinheiro, informou seus funcionários na quinta-feira que eliminaria 173 empregos. A empresa contava com 420 funcionários. As operações da empresa serão consolidadas na sede, em Berlim, e no escritório de Nova York. Os escritórios de São Francisco e Londres serão fechados.
“Precisamos garantir nosso caminho em direção a um sucesso independente e de longo prazo”, disse Alex Ljung, cofundador e CEO da empresa, em postagem de blog publicada no site da SoundCloud. Ele disse que a empresa dobrou sua receita nos últimos 12 meses — sem fornecer detalhes — e que os cortes a colocam a caminho da rentabilidade.
A SoundCloud conta com cerca de 175 milhões de ouvintes, atraídos por sua ampla biblioteca de músicas, remixagens, podcasts e outros conteúdos gerados por usuários, carregados por artistas que vão desde estrelas estabelecidas até DJs de garagem. O serviço é popular entre jovens fãs apaixonados por música e artistas como Chance the Rapper enviam material ao site antes do lançamento em outros lugares, enquanto as gravadoras o usam para buscar novos talentos.
Mas essa característica cultural nunca se traduziu em um modelo de negócio de sucesso. A maior parte do conteúdo do SoundCloud é gratuita e o serviço de assinatura lançado no ano passado, que destinou parte do conteúdo a usuários pagantes, não foi tão bem-sucedido quanto os executivos esperavam. Nos últimos anos, a empresa analisou possíveis vendas para Twitter e Spotify, mas o negócio não se concretizou.
Serviços de música concorrentes, como Apple Music, estão entre os que pretendem adquirir a SoundCloud, segundo uma reportagem publicada pelo New York Post no começo deste mês. Spotify e Apple Music são os dois maiores nomes no negócio de streaming de música sob demanda. A Spotify afirmou em junho que tem mais de 140 milhões de usuários e mais de 50 milhões de assinantes, e a Apple informou que seu serviço de música tem 27 milhões de clientes.
Ljung disse que o objetivo dos cortes é preservar a independência da empresa. “Ao reduzir custos e manter o crescimento das receitas, estaremos a caminho da lucratividade e no controle do futuro independente da SoundCloud”, afirmou.
A incapacidade da SoundCloud de aproveitar seu enorme público para criar um modelo de negócio estável é um exemplo dos desafios da indústria da música como um todo. Enquanto a adoção dos serviços de streaming pelos consumidores rendeu às maiores gravadoras do mundo, pela primeira vez desde a época de glória do CD, um crescimento contínuo das receitas, as empresas que oferecem músicas pela internet não têm conseguido ganhar dinheiro.
A Pandora Media nunca registrou um lucro anual e acaba de vender uma participação minoritária à empresa de rádio on-line SiriusXM. Os prejuízos da Spotify cresceram, apesar da rápida adoção entre os usuários. Por sua vez, empresas como Apple e Amazon.com usam a música para atrair usuários para seus outros negócios.
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