Por Josue Leonel.
A ideia de o governo subsidiar preços, que sempre causa calafrios em economistas do mercado pelos seus custos fiscais, já começa a ser vista como um mal menor por analistas no caso da Petrobras. Seria uma maneira de o governo não precisar mais interferir diretamente nos preços da empresa, como ocorreu com a suspensão do aumento do diesel na semana passada, e ainda evitar o que poderia ser um mal maior: uma nova greve dos caminhoneiros.
Dada a ameaça de uma paralisação dos caminhoneiros que poderia gerar uma turbulência capaz de impedir a reforma da Previdência, o governo precisa considerar a segunda melhor opção, diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. Para ela, um subsídio não seria o ideal, mas seria a medida “menos negativa” do que o o ocorrido na quinta-feira, quando Jair Bolsonaro ligou para o presidente da Petrobras para impedir a alta do diesel.
O importante é que, qualquer que seja o mecanismo, seja “algo explícito e transparente”, diz a economista. O custo fiscal poderia ser revertido se o preço do petróleo cair. Neste caso, a Petrobras devolveria o subsídio ao governo, e não repassaria a queda ao consumidor.
Os EUA passaram por algo similar entre 1973 e 1974, com greve e paralisação de rodovias e a solução foi criar um subsídio, diz o economista Jose Marcio Camargo, da Genial Investimentos, na conta do Twitter da empresa. Para ele, existem outras soluções, mas “a pior delas é intervenção no preço do combustível”.
Victor Cândido, da área de pesquisa da Guide, acredita que o governo tem de definir uma nova política de preço ou criar um imposto amortecedor que num momento arrecada, no outro paga. “Se foi para evitar uma greve, o mercado aceita. O pior cenário seria a greve”, diz, citando o impacto da paralisação do ano passado para a economia.