Por Jonathan Levin, Cristiane Lucchesi e Daniele Lepido.
A Tim Participações SA continua estudando a possibilidade de fusão com a Oi SA e trabalha no negócio com o Bank of America Corp. e o Citigroup Inc., disseram pessoas informadas sobre o assunto.
Os bancos dos EUA estão ajudando a unidade brasileira da Telecom Italia SpA a avaliar os detalhes de um possível negócio, disseram as pessoas, pedindo anonimato porque o assunto é privado. Não há nenhuma conversa formal em andamento, nem garantia de que algum acordo possa ir adiante, disseram elas.
Embora a crise no Grupo BTG Pactual SA — assessor de longa data da Oi — tenha sido um revés, as empresas continuam empenhadas em explorar a combinação, disseram duas pessoas. É improvável que as empresas brasileiras fechem negócio até o fim do ano, disse uma delas.
Antes da prisão do então presidente do BTG, André Esteves, a Oi e seus assessores vinham planejando entregar uma proposta à Tim em dezembro, disse outra pessoa na época. A Tim está esperando para ver como a situação avança, segundo uma fonte adicional. Por meio de seu advogado, Esteves negou irregularidades.
“Não há proposta na mesa, não há negociação, não há contato’’, disse Rodrigo Abreu, presidente da Tim, a jornalistas em São Paulo no dia 9 de dezembro. Ele disse em outubro que a Tim analisará a proposta quando ela for concreta.
Um representante da Oi, em resposta por e-mail a perguntas, disse que as negociações evoluem de forma normal para uma transação desse tamanho. A empresa disse que suas relações com a LetterOne e com o BTG continuam inalteradas, e o BTG atua exclusivamente como assessor.
A unidade brasileira da Telecom Italia não tem nenhuma necessidade de focar em operações de fusão e aquisição e nenhum assessor foi contratado para um possível negócio com a Oi, disse um porta-voz da Telecom Italia em Roma.
Representantes do Citigroup, do Bank of America e da Tim preferiram não comentar.
Reação do mercado
O mercado viu os problemas do BTG como um revés direto para o negócio entre Oi e Tim. Com a alta carga de dívida da Oi uma fusão, assim como um investimento de capital, se tornou uma questão de sobrevivência para a gigante das telecomunicações. As ações e os títulos da Oi despencaram desde o início da crise do BTG, com os títulos sendo negociados a 43 centavos de dólar, sugerindo que os traders esperam que os títulos experimentem perdas significativas em relação ao principal.
A prisão de Esteves desencadeou uma crise de confiança em relação ao banco, provocando uma corrida para venda de ativos para preservar liquidez.
Investimento da LetterOne
A Oi parecia ter dado um respiro em outubro quando atraiu, com assessoria do BTG, um compromisso de investimento de até US$ 4 bilhões da LetterOne Holdings SA, do bilionário russo Mikhail Fridman. O compromisso veio com condições — depende de a Oi buscar uma negociação com a Tim.
A proposta que a Oi está preparando juntamente com a LetterOne provavelmente entregará à Telecom Italia uma participação de mais de 50 por cento na nova empresa, disse uma fonte. Isso poderia evitar atrito nas negociações.
Embora a Oi seja a maior empresa em receita, seu valor de mercado entrou em colapso por causa do peso de sua dívida. Seu valor é de R$ 1,7 bilhão (US$ 449 milhões), contra R$ 17 bilhões da Tim, enquanto a razão dívida-capital da Oi é de 75,2 por cento, contra uma média de 40,1 por cento de seu par, segundo dados compilados pela Bloomberg.
As discussões foram adiadas devido a assuntos internos no conselho da Telecom Italia e não devido à situação no BTG, disse uma fonte informada sobre o assunto.
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