Uma “teoria de tudo” para a gestão de tesouraria

Em geral, as gestões de caixa e risco são tratadas como processos totalmente diferentes. No entanto, elas são dois lados da mesma moeda e as operações eficazes de tesouraria administram as duas juntas como uma equipe multifuncional.

Espera-se que os gestores de caixa concentrem-se nos processos operacionais. Os analistas coletam dados dos sistemas ou das planilhas de gestão de tesouraria para ter visibilidade de caixa apenas para criar relatórios. Os gestores de risco aplicam sua expertise analítica no que parece ser um processo completamente separado – minimizar esses riscos nos quais a empresa não tem vantagem competitiva exclusiva. As equipes funcionais parecem coexistir dentro de sistemas paralelos, seguindo processos diferentes e operando sob políticas separadas.

Na Física, a teoria de tudo defende que, com uma energia suficientemente alta, as forças que mantêm o núcleo de um átomo unido são aspectos diferentes de uma única força. Esta ideia pode ser aplicada aos processos de gestão de caixa e risco.

Considere a projeção de caixa com suas projeções concomitantes de vendas, despesas, lucros e itens de balanço. Elas podem levar a cinco diferentes exposições econômicas e contábeis subjacentes a serem geridas. Uma projeção de venda de câmbio traz consigo um risco de negócio, se a estratégia na região não é viável, e também um risco de transação cambial quando a venda é realizada. Dependendo da natureza do negócio, o risco de preço de commodity pode surgir com o custo projetado das mercadorias vendidas. Ativos e passivos projetados carregam risco de reavaliação, pois os ativos (p. ex., maquinário) ou passivos denominados em moeda estrangeira são reavaliados pela moeda funcional do período do relatório atual. Por fim, os lucros projetados podem incluir o risco de tradução, pois o patrimônio gerado pela subsidiária é traduzido para a moeda do relatório.

Os melhores tesoureiros adotam uma abordagem integrada para os processos gêmeos de gestão de tesouraria

Uma abordagem holística da gestão desses riscos pode ser buscar o pagamento dos juros denominados em moeda estrangeira das vendas de câmbio projetadas, o que diminuiria a necessidade de fazer hedge de cada item individualmente. O empréstimo denominado em moeda estrangeira pode ser designado sob um programa de hedge de investimento integrado, a fim de fazer hedge do patrimônio denominado em moeda estrangeira em uma subsidiária estrangeira. Mais importante, uma solução multifuncional requer uma visão consolidada das exposições de caixa e dos riscos associados.

Além da maior eficiência na mitigação de risco e no controle, a abordagem abrangente de caixa e risco pode melhorar o resultado final. Por exemplo, se uma corporação reduz seu hedging de derivativo teórico anual em US$ 300 milhões integrando sua projeção de caixa com a gestão de risco, isso representa uma estimativa de economia de US$ 60.000 dólares, assumindo-se uma economia conservadora de dois pontos-base no spread de compra/venda cobrado pelos bancos. Esta estimativa pode ser, para algumas corporações, suficiente para justificar o custo de um sistema de gestão de tesouraria.

As melhores tesourarias podem adotar uma abordagem triplicada para integrar as funções gêmeas da gestão de tesouraria. Em primeiro lugar, é importante definir os objetivos da gestão de risco dentro de uma política documentada. Tal política especificaria a gestão de caixa como fornecedora de informações, assim como os gestores de risco por direito. Em segundo lugar, uma cultura na qual todos dividem as responsabilidades na gestão de risco a leva a um passo adiante.
 

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